Em 1994, uma técnica comum na construção civil em Hong Kong, praticada há mais de 100 anos, atraiu a atenção do fotógrafo Peter Steinhauer e o levou a passar quase uma década registrando este fenômeno urbano singular. O andaime de bambu e as envoltórias têxteis fotografadas têm como função impedir que os detritos da construção se espalhem, porém, num primeiro olhar, mais parecem obras de Christo e Jeanne Claude, os artistas que ficaram famosos envolvendo edificações como o Reichstag em Berlim.
As fotografias resultantes mostram alguns dos enormes arranha-céus de Hong Kong envoltos em tecidos de cores vivas; suas fachadas se transformam em monólitos, como uma maquete volumétrica em escala real. Steinhauer chamou sua série de "Cocoons" (casulos): o edifício sofre uma metamorfose sob a envoltória, e quando esta é removida, ele está concluído.
Mais imagens desses casulos urbanos, a seguir.
Steinhauer se mudou com sua família para Hong Kong em 2007 para que pudesse fotografar as estruturas em intervalos regulares; um processo que envolvia acordar cedo e dirigir pela cidade em busca de construções.
Os tecidos das envoltórias podem ter diversas cores, o que proporciona certa variedade aos monólitos monocromáticos. Verde e bege são as mais populares, por isso Steinhauer procura cores menos comuns, como azul e amarelo. Após as obras serem concluídas, os andaimes de bambu são reutilizados e os tecidos e plásticos reciclados.
Ao passo que as fotografias apresentam estas edificações embrulhadas como uma peculiaridade urbana de valor estético, os habitantes de Hong Kong as consideram um fenômeno inconveniente, algo que Steinhauer veio a descobrir da pior maneira possível após um ano trabalhando no projeto. Estes casulos não são usados apenas para novas construções, mas também para trabalhos de manutenção; quando as pastilhas cerâmicas externas do edifício onde mora com sua família foram substituídas, o fotógrafo passou nove meses tendo como vistas de suas janelas nada além de um tecido verde. Essas estruturas podem parecer impressionantes quando vistas de fora, o que não ocorre quando vistas de dentro.